domingo, 25 de outubro de 2009

comme des enfants


eu não quero crescer, quero ser um peter pan infinito. ir à lua num segundo e voltar no outro, como se nunca tivesse saído daqui. quero voltar a ser ingénuo e ver o mundo pintado de arco-íris, apesar de sempre saber que ele nunca fora assim. mas quero adormecer a meio da tarde ao ouvir as ondas do mar, correr desenfreadamente pelos campos, e sorrir, por tudo. e sorrir, por nada. aqueles olhos a brilhar, e o cabelo a voar.
não quero ter sonhos, nem objectivos, nem definições das coisas, nem livros. o meu camião da areia, o amigo, os empurrões para chegar em primeiro, as quedas e os desenhos deformados.
e a experiência...
é que já fiz cócegas na minha irmã só para ela parar de chorar, já me queimei ao brincar com a vela, já conversei com o espelho, e até já fui bruxo. já quis ser astronauta, cientista, mágico, caçador e trapezista. já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés de fora. já tomei banho de chuva e acabei viciado. já roubei um beijo, já confundi sentimentos, já escolhi um atalho errado e continuo a caminhar sobre ele, já raspei o fundo da panela, já me cortei ao fazer a barba apressado, já chorei a ouvir música no autocarro, já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que essas são as mais difíceis de esquecer. já subi - escondido - ao telhado apenas para tentar agarrar as estrelas, já fiz juras eternas, já esrevi no muro da escola, já chorei sentado no chão do quarto, já fugi de casa para sempre e voltei no outro instante, já corri para não deixar alguém a chorar, já fiquei sozinho no meio de mil pessoas, sentindo a falta de uma só. já vi o pôr-do-sol rosa e alaranjado, já me atirei para o mar sem ter vontade de voltar, já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei o meu lugar, já senti medo do escuro, já tremi de nervoso, já quase morri de amor, mas renasci novamente para ver o sorriso de alguém especial. já acordei a meio da noite e fiquei com receio de me levantar, já apostei correr descalço na rua, já gritei de felicidade, já me apaixonei e achei que era para sempre, mas sempre era um "para sempre" pela metade. já chorei por ver amigos partir, mas descobri que logo chegam novos e a vida é mesmo um ir e vir sem razão. foram tantas coisas feitas, tantos momentos fotografados pelas lentes da emoção; e agora pergunto: para quê crescer?

1 comentário:

Inês disse...

já roubei um beijo, já confundi sentimentos, já escolhi um atalho errado e continuo a caminhar sobre ele, já raspei o fundo da panela, já me cortei ao fazer a barba apressado, já chorei a ouvir música no autocarro, já tentei esquecer algumas pessas, mas descobri que essas são as mais difíceis de esquecer. já subi - escondido - ao telhado apenas para tentar agarrar as estrelas, já fiz juras eternas, já esrevi no muro da escola, já chorei sentado no chão do quarto, já fugi de casa para sempre e voltei no outro instante, já corri para não deixar alguém a chorar, já fiquei sozinho no meio de mil pessoas, sentindo a falta de uma só.
(Contigo); já chorei de tanto rir, já berrei o teu nome bem alto, ja me abracei a ti sem querer largar, já te insultei e so dizias que me amavas, já protagonizamos filmes, já fugimos das abelhas, já me acalmaste só com a mão direita, já já vivemos este mundo e outro mas ainda tenho mt para te dar.
NI